No dia 17 de junho a inglesa BIS (Banco de Compensações Internacionais) publicou um estudo não muito animador sobre o Bitcoin.
Eles avaliaram que a criptomoeda não poderia ser usada como dinheiro por dois fatores: uma baixa capacidade no suporte de muitas transações e por falta de confiança. E como confiança é o que caracteriza um «bom dinheiro», a Atlas Quantum, maior empresa de criptomoedas da América Latina, lançou no último dia 10 de junho a primeira parte da maior campanha de popularização do Bitcoin já realizada no Brasil com o intuito de promover e aumentar a confiança nas moedas digitais.
Estrelada pelos atores Tatá Werneck e Cauã Reymond, a ação convidou esses dois ícones do entretenimento brasileiro para o “Desafio Investidores”, um jogo educacional sobre Bitcoin que foi transmitido ao vivo pela internet:
"Tratava-se da primeira campanha educacional sobre criptomoedas e Bitcoin feita no Brasil. Utilizando o grande apelo popular de Tatá e Cauã, "que assim como a maioria da população conhece pouco sobre investimentos em bitcoin", queremos educar o cidadão comum sobre esse assunto de grande interesse nos dias de hoje, além de aumentar a confiança nas moedas digitais. Não existem dados públicos que nos permitam medir o sucesso ou o fracasso desta campanha de marketing. No momento em que a ação estava ao vivo no Youtube, havia cerca de três mil pessoas online. No final do dia seguinte, antes que o vídeo fosse retirado do ar sem qualquer tipo de justificativa, o total de visualizações era de 10.600. A única explicação para a exclusão do vídeo está em um comentário na página do Facebook da Atlas, na qual a empresa afirma que o vídeo foi retirado do ar para que fosse feita uma edição com os melhores momentos."
Os comentários dos espectadores sobre o evento foram bastante críticos, com observações sobre a qualidade do quiz, sobre o talento do apresentador e sobre a nítida combinação feita de antemão: Os artistas já sabiam o que deveriam responder e podia-se perceber claramente que em diversos momentos eles liam perguntas e respostas em um teleprompter.
“Vergonha alheia”, “aguentei cinco minutos” - foram alguns dos comentários recorrentes nas redes sociais.
O jogo que segundo o CMO da Atlas serviria para“tirar dúvidas de milhares de brasileiros que desejavam aumentar seu patrimônio investindo em moedas digitais", pode ter sido um tiro pela culatra. O tom de brincadeira adotado por Tatá Werneck, que apesar de ajudar a criar uma atmosfera espontânea, contrastava fortemente com a falsidade do “desafio” arranjado.
Em um mercado onde a confiança é um dos ativos mais valiosos e em uma mídia como a internet, onde a linguagem é muito mais espontânea e próxima da vida cotidiana dos usuários, apostar em um formato clássico de programa de auditório e expor o funcionamento da criptomoeda através de um jogo de verdade ou desafio pode fragilizar ainda mais a imagem de um tipo de investimento que cresce, mas que ainda precisa de estabilidade física (no que diz respeito a capacidade de transações) e simbólica (confiança dos agentes econômicos), como indica o recente estudo da BIS.
Mas a ação de marketing não para por aí. Ela terá a chance de se recuperar e se aproximar de verdade do seu público alvo.
No próximo mês de julho, o público também poderá participar do desafio. Os quatro primeiros colocados ganharão prêmios em Bitcoin (1º lugar = 40 BTC, 2º lugar = 5 BTC, 3º lugar = 3 BTC e 4º lugar = 2 BTC), com valores equivalentes a R$ 1,5 milhão. Os inscritos deverão responder a um Quiz diário sobre criptomoedas e investimentos. Quanto mais rápida a resposta, mais pontos ela valerá. A dificuldade das perguntas e as recompensas aumentam ao longo da competição.
Agora nos cabe esperar por esta segunda etapa da campanha para sabermos se todo o investimento em marketing realizado pela Atlas Quantum vai ajudar ou atrapalhar na imagem das criptomoedas como um investimento sério, seguro e confiável.