A USDA, Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, estima que a safra de café brasileiro de julho a julho (18/19) será a maior da história: 60,2 mi sacas de 60 kg. O crescimento é de 18% em relação às 50,9 milhões de sacas do ano passado, segundo o relatório publicado nesta última segunda-feira. O que permitiu este crescimento da colheita foi a ótima condição climática que propiciou o pleno desenvolvimento dos frutos de café, principalmente os do tipo robusto.
Dentro desta perspectiva, tanto o consumo interno quanto as exportações devem subir, mas o lucro dos produtores, das indústrias e até dos exportadores não deverá ser proporcional. Por conta da expectativa de ampla oferta, tanto o café de tipo arábica quanto o do tipo robusta tiveram redução no preço neste primeiro semestre de 2018 em comparação ao primeiro semestre de 2017 (queda de 11% para o café arábica e de 29% para o café robusto).
Segundo o portal Cafeicultura, apesar do Brasil ser um líder na produção e exportação mundial, o país não tem presença na oferta externa de café industrializado, produto que gera maior valor agregado e que atualmente é reservado a grandes grupos multinacionais. Desta forma, a receita proveniente da alta produtividade fica mais na pós-industrialização - na maioria das vezes estrangeira - do que na mão dos produtores brasileiros. Além disso, as novas exigências ligadas à qualidade, sustentabilidade e pureza do produto aumentam os custos da produção nacional sem equilíbrio no retorno: a qualidade da produção sustentável por enquanto agrega mais valor na ponta da produção do que no preço das sacas.
Outro fator é a importação de café no país: desde o inicio do ano o Brasil exportou o correspondente a US$ 4,24 milhões de café torrado e moído, mas importou US$ 18,81 milhões no mesmo período. Somos o segundo maior mercado consumidor do mundo e consumimos muitas vezes os produtos das grandes empresas do mercado externo, as mesmas que se abastecem com a matéria-prima brasileira. É neste caminho de consumo que os produtores brasileiros estão vendo sua renda diminuir face a maior safra da história. Contradições do mercado em busca de respostas. O Engenheiro Agrônomo de Desenvolvimento de Mercado Daniel Sala de Faria nos diz que:
É possível celebrar, de forma incontestável, o enorme protagonismo que o setor exerce em escala mundial. Contudo, e até mesmo motivados por essa razão, precisamos manter esse desempenho e investir no ingresso massivo em mercados ainda mais diversificados.
A diversificação acaba sendo talvez a possível resposta para este cenário contraditório da produção cafeeira apesar do tema não ter aparecido com evidência no XXII Seminário internacional do café que aconteceu nos dias 9 e 10 de maio em Santos. O tema do seminário foi « Quebrando Recordes », muito propício dentro do contexto atual da produção brasileira e também em acordo com o número de inscritos no seminário que também bateu o recorde de participantes. Não faltam motivos para comemorar o dia nacional do café, 24 de maio, como também não nos faltam etapas para equilibrarmos nossa potência produtiva com a competitividade mundial.